Marcas de oralidade e coloquialismo
- gramatizei
- 6 de jul. de 2020
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Aqui temos dois tipos de ocorrência que aparecem frequentemente nos textos corrigidos: a marca de oralidade e o coloquialismo. Para entender o que cada um desses termos significa, vamos trabalhar, primeiro, com uma breve definição de variação linguística.
Variação linguística é o fenômeno natural que ocorre pela diversificação de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos (vocabulário, pronúncia, morfologia, sintaxe). Essa variabilidade ocorre porque as línguas são dinâmicas, apresentando sensibilidade a fatores como a região geográfica, gênero, idade, classe social do falante e o grau de formalidade do contexto da comunicação.
Nesse contexto, temos a variedade padrão da língua, que se trata do emprego de uma rígida conformidade em relação às suas normas gramaticais. É o que, vulgarmente, se chama de "o português correto". Em oposição à norma padrão, temos a linguagem coloquial, que deve ser evitada em textos dissertativos e que abre espaço para um debate sobre marcas de oralidade em textos escritos.

A coloquialidade e a dissertação
O coloquialismo pode ser configurado como uma linguagem mais leve e descontraída utilizada, geralmente, em conversas informais, com amigos no dia a dia. Esse tipo de linguagem se caracteriza pelo uso de gírias e por ser mais informal, não se apegando à norma padrão da língua e deixando algumas regras gramaticais de lado, como a adequação à concordância ou a aglutinação de termos.
O problema dessa variação ser utilizada em redações dissertativas, principalmente quando se trata de uma prova ou concurso, é que muitas dessas expressões coloquiais envolvem gírias que, por sua vez, modificam-se de uma região para a outra, tendo mais de um significado.
Quando você faz uso dessa variação da língua, corre o risco de o corretor não conseguir compreender o que foi escrito ou de não apresentar sentido lógico em sua estrutura. Caso seja realmente necessário utilizar algum tipo de expressão coloquial sem seu texto, isso deve ser feito entre aspas, deixando claro que se trata de um termo da variantes popular da língua. Para compreender melhor o que é um coloquialismo, veja o exemplo a seguir.
O Estado devia oferecer suprimentos básicos para a polícia militar, isso auxiliaria uma porção de gente a não sofrer mais com a criminalidade.”
Perceba que os termos grifados, “devia” e “uma porção de gente”, foram apresentados de acordo com uma variedade mais espontânea da língua, utilizada, principalmente, na fala. É aqui que encontramos mais uma estrutura importante da variação linguística e que deve ser evitada em sua escrita: a marca de oralidade.
Precisamos entender que, ao escrevermos um texto de acordo com a norma formal da língua portuguesa, ainda mais quando se trata de um gênero textual específico, essa norma acaba limitando bastante a forma como vamos nos expressar. Sendo assim, devemos evitar, por exemplo, expressões que passam ao leitor a sensação de um diálogo. Dentro do gênero dissertativo argumentativo, isso é ainda mais grave, já que a impessoalidade deve permanecer.
Podemos apontar, como uma das características da oralidade, a interação, a conversa entre leitor e autor, que não deve ocorrer nesse gênero textual. Evite, portanto, usar palavras como: “você”, “né”, “tá” e verbos no imperativo e/ou quaisquer outros tipos de interação com o leitor.
Outro fator importante dentro da definição de marca de oralidade é a ocorrência de expressões que geralmente utilizamos na fala, os ditos clichês da língua. É de extrema importância tomar cuidado ao escolher os termos que você emprega em uma dissertação. Para isso, comece a verificar, ao realizar a releitura de seu texto, se as palavras e expressões utilizadas foram empregadas de modo informal, tomando cuidado com o uso de estruturas como: “pegou mal”, “não dá para acreditar”, “fazer só por fazer”, “não é brincadeira”, “aqui não é diferente” entre diversos outros exemplos que podemos citar.
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